04 agosto 2006

the eraser, thom yorke



há qualquer coisa de primitivo naquilo que thom yorke anda à procura desde a aventura kid a. conseguimos perceber hoje que os radiohead são desde o fim do ciclo ok computer uma banda feita à semelhança do seu vocalista e do seu guitarrista. à primeira vista, thom yorke encontra na idm de gente como os autechre, four tet, boards of canada ou aphex twin semelhanças que lhe parecem ser pistas para o caminho. não fosse a utilização da voz que todos conhecem, a verdadeira voz do indie de finais de 90, e the eraser poderia muito bem ser um álbum da dita música electrónica.
mas na verdade the eraser é um pouco mais do que uma mera manipulação instrumental de um computador e de meia dúzia de teclados digitais ou analógicos. apesar da base rítmica e electrónica bastante forte, apesar de the eraser ser intelligent dance music, como pomposamente gosto de a apelidar, há nos 40 minutos deste álbum a procura de qualquer coisa de primitivo. qualquer coisa que nos faz comparar a música de thom yorke com aquela que sai das prateleiras de música do mundo. não são os temas nem são a forma. é a pungência do ritmo e a urgência de algumas palavras.
da mesma forma com que ali farka touré se revia nos blues do sul dos estados unidos, the eraser tem qualquer coisa que nunca foi feito na perfeitinha inglaterra mas com o qual pode ser conotado com um pouco de pesquisa e alguma abertura de espírito.
no fundo no fundo the eraser é um bom começo. um começo intrigante, fotocopiado das últimas investidas dos radiohead, mas um bom começo.
este álbum pode muito bem parecer dúbio a quem lhe pegar. é que the eraser nunca poderia ter sido escrito pelo morrissey, isso é verdade.
mas fica bem a thom yorke.
no fundo no fundo é tudo uma questão da perspectiva com que se enfrenta o desafio.

7/10

Sem comentários: