21 dezembro 2006

we shall overcome, bruce springsteen



nada aparece por acaso.
bruce springsteen, para além de ter feito um dos álbuns chave da música tradicional norte americana, desde sempre se destacou como assumido patriota e como politicamente bastante interventivo. as seeger sessions que agora edita poderiam ter.se chamado apenas seeger sessions.
mas não. nada aparece por acaso.
e é por isso, e porque springsteen sabe que os eua têem que superar a crise de uma administração que cada vez mais está a condenar metade do mundo a sofrer consequências das quais não tem responsabilidade nenhuma, que as seeger sessions, que recuperam de forma magistral o reportório folk que escreveu a estória dos states que grande parte desconhece, pegaram num dos temas mais absorventes da americana para nomear um álbum que tem tanto dos outros como de springsteen.
este é, decisivamente, o boss que eu gosto.
faz.me confusão aquele de born in the usa, de bandeira às costas. mas atrai.me o de nebraska, o de devils and dust, aquele que consegue conjugar soberbamente os sons, as letras, tudo o que vem de trás com tarimba folk, com os sopros do jazz, os coros gospel e as mini-orquestras que fariam o gosto de tantos.
esta é a américa. a américa não é o reflexo dos bimbos de t.shirts sem alças a pavonear.se por veneza com total desrespeito por toda uma cultura europeia com séculos de evolução. a américa é muito mais. é um país com uma estória musical riquíssima e com uma série de cidades onde se escreveram as páginas mais importantes das rupturas e onde, neste momento, se prepara o rock do futuro.
e é por isto, por causa desta cultura que continua a construir as páginas dos estados unidos que os americanos devem ter a coragem de ultrapassar.
bom natal a todos.

8/10

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