11 março 2007

neon bible, arcade fire


há um momento em neon bible, depois dos primeiros cinco segundos de intervention, em que percebemos porque é que os arcade fire fizeram correr tanta tinta logo após que funeral chegou aos circuitos. fizeram.no porque são, de facto, um fenómeno raro no panorama internacional rock.
neon bible não é um segundo funeral, era muito difícil. e isso também não lhes interessaria para nada porque acho que são uma banda que procurará sempre o caminho mais previsível para quem tem um palmo de testa: fazer uma outra coisa.
mas neon bible não deixa, por isso, de ser um álbum muito interessante e que, a muitos espaços, alcança a dimensão épica quase barroca do seu antecessor. sabemos que são os arcade fire, mas percebemos que já não são os arcade fire da urgência explosiva e quase desesperada de há três anos atrás.
ainda que mais uma vez os arcade fire tenham recorrido a uma temática bastante precisa. e quando imaginamos este álbum gravado numa pequena capela, faz todo o sentido que as músicas sejam como são. e que os temas sejam os escolhidos. é um álbum perfeito em termos de métrica, de sucessão de músicas, de duração dos temas. neon bible tem uma coerência assombrosa e tem momentos em que a música se reinventa, no sentido em que, recriando as referências menos óbvias aos ouvidos, os arcade fire lançam meia dúzia de pedras que julgo sinceramente recordaremos daqui a muitos anos.
parece.me que estes canadianos são a mais recente banda de futuro culto.
porque os arcade fire já demonstraram que estão na música pela verdade. não cairei no erro de dizer que são os mais honestos. mas são das bandas mais honestas do momento. e das mais criativas também.
façam.me um favor. oiçam este neon bible.
não é, definitivamente, um segundo capítulo do magistral funeral mas é outra coisa quase igualmente espantosa.
8.7/10

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