06 julho 2008

a sentença do professor marcelo

vantage point, dEUS [2008] - longe vão os tempos dos dEUS de in a bar, under the sea ou de the ideal crash. e longe vão também os tempos em que os dEUS, com uma formação mais ambiciosa (e tecnicamente melhor), marcaram ritmo na música independente europeia. e quando digo europeia excluo, obviamente, todas as bandas inglesas. vantage point, longe do brilho dos dEUS pré-1999, é um avanço consistente e esteticamente bem definido. a hibridez própria do conjunto belga é hoje uma mera miragem. perdem em surpresa e brilhantismo, mas conseguiram alcançar o que parece ser o padrão actual do conjunto: fazer um bom disco de rock. ponto alto na dupla tirada the vanishing of maria schneider/popular culture, essas sim, duas músicas à dEUS.

to survive, joan as police woman [2008] - dona de uma voz espantosa, melhor do que a de 2 amy winehouse, joan wasser regressa em 2008 com o seu terceiro long play enquanto joan as police woman. to survive desilude em relação ao anterior avanço - real life - mas não deixa de ser uma bela aposta para as noites de trabalho mais prolongadas. a colaboração de rufus wainwright no tema que encerra um álbum bastante personalizado - daqueles que realmente se pode chamar de autor - é um dos melhores momentos discográficos de 2008.

modern guilt, beck [2008] - mais um disco completamente inconsequente de beck. aliás, aquele que é um dos artistas mais sobrevalorizados da música norte-americana, não acerta uma desde sea change. e já lá vão 6 anos e 3 álbuns. diga.se desde já que metade dos long play que editou não servem, absolutamente, para nada. quando beck toma um rumo estético bem definido faz álbuns arrebatadores (ver mellow gold, odelay ou one foot in the grave, p.e.). quando insiste em tentar descobrir a pólvora, como é o caso do mais recente modern guilt, a coisa soa tão falsa quanto inoportuna.

2 comentários:

Raquel disse...

A Joan é tão desarmante que lhe perdoamos tudo. E o dueto com o Rufus era quase uma inevitabilidade: há ali umas cordas sensoriais muito afins.

joão moço dos recados disse...

estás enganado quanto ao beck. o "modern guilt" deve ser a melhor coisa que ele fez desde o "sea change". claro que não está ao nível deste último, mas também não acredito que seja possível fazer mais uma obra-prima aquele nível ou do "odelay". duas obras geniais numa carreira já é muita fruta.