27 junho 2006

he poos clouds, final fantasy



na mesma semana em que desisti de tentar escrever sobre the dirft, a mais recente bomba atómica lançada por scott walker, reporto.me à crítica de um dos mais entusiasmantes compositores rock da actualidade.
é que isto com o rock há duas maneiras de fazer: a maneira empírica e a maneira sofisticada. owen pallett, membro influente dos arcade fire, é daqueles que gosta de caminhos por trilhar.
com essa inquietação, e com a capacidade lírica que lhe conhecíamos há muito da banda canadiana que o lançou na ribalta, os final fantasy, projecto que espero muito paralelo, aventuram-se por um mundo que tem tanto de experimentalismo pop como de integração de um certo classicismo da composição e virtuosismo orquestrado.
no fundo, he poos clouds é uma obra que em certos momentos, se não tivesse voz, poderia ser vendida ao lado de qualquer ópera de pergolesi. no entanto, a ousadia das insinuações e a aventura que é ouvir owen pallett entregar.se aos comandos do órgão de cabaret fazem deste álbum uma das melhores referências, ao momento, do cardápio de 2006.
os final fantasy têm tudo para não ser os arcade fire. se isso, por um lado, é preocupante - dada a falta do passo final para a genialidade -, por outro lado, a consistência em crescendo que prometem é um sinal que nos descansa.

8/10

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