bonnie 'prince' billy não é, apenas, um alter-ego de will oldham. dizer que se trata apenas de um nome diferente do utilizado habitualmente é simplificar demasiado a coisa. bonnie 'prince' billy é toda uma personagem que reside dentro de will oldham. o tipo, que já todos perceberam sofre de alguma perturbação mental, não criou o outro. bonnie sai naturalmente de will oldham.
e esta personagem é dona de um imaginário folk e de uma estética minimalista que me faz acelerar o ritmo cardíaco antes de ouvir um novo álbum. sou adepto fiel de todas as suas incursões, mas há sempre momentos que me deixam desolado. não por falta de qualidade, porque até hoje tudo o que já ouvi deste homem me fez perceber que oitenta e cinco por cento dos songwriters de agora nunca conseguirão escrever um álbum como the letting go, aquele que me parece um dos menos inspirados da sua carreira.
the letting go foi gravado na islândia com produtores e técnicos islandeses que deram à música de bonnie uma dimensão que nunca tinha alcançado. de facto, the letting go é o álbum melhor produzido da sua carreira. é o melhor orientado e o mais limpo, por assim dizer o menos amador e menos manual.
existem músicas em the letting go que são composições eternas. basta escutá.lo com a atenção que damos à movimentação que o rui costa faz em campo para perceber que, a espaços, estamos perante um inspirado. mas, tal como o maestro, bonnie apaga.se de vez em quando. e é nestes momentos de letargia que percebemos que a fórmula de superwolf ou de i see a darkness (obra-prima do songwriting moderno) é bem mais interessante, pelo simples facto de que é muito mais visceral e muito mais epidérmica.
com uma produção desleixada bonnie 'prince' billy faz milagres. e não existe problema nenhum quando ouvimos notas ao lado ou guitarras descompensadas: faz parte de um processo de construção que lhe é típico.
não me levem a mal. eu adoro este gaijo, não no sentido físico do termo, é claro. e acho que as últimas quatro faixas de the letting go fariam um álbum perfeito. i called you back, a última música com nome deste álbum é, de facto, do melhor que bonnie conseguiu fazer até hoje.
por isso, não me levem a mal. é que dele espero sempre a perfeição.
7.8/10

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