invariavelmente, de tempos a tempos, regresso ao ano que passou.
hoje apenas porque me apaixonei recentemente por este álbum e porque me pesava a consciência se não falasse dele.
confesso que quando ouvi falar de beirut, depois de ler algumas coisas e de ver algumas críticas, me cheirava a um fenómeno do tipo emir kusturica ou, pior ainda, yann tiersen. ou seja, um músico que tenta conciliar world music com pop, no caso do primeiro, com evidente sinal de derrota, ou o caso de um músico world que pega moda e que não sai, não há maneira de sair, do dia a dia das pessoas, das rádios, dos escritos. não tenho nada contra o yann tiersen. simplesmente odeio.o e naquilo em que se transformou. lembro.me também, repentinamente, dos gotan project e do ódio que lhes tenho, e até me sobe o sangue todo à cabeça.
mas beirut não é nada disto. beirut é zach condon, músico de raíz folk bem ao estilo neutral milk hotel que se deve ter apaixonado por uma rapariga da europa do leste. provavelmente esteve em itália, na zona junto às balcãs e contactou com uma croata ou uma húngara ou uma miúda qualquer de um acampamento cigano daquela região.
ou se calhar não foi nada disto.
a verdade é que o rapaz anda a brincar aos músicos itinerantes e fundiu, em gulag orkestar, o que de melhor existe da música daquela zona do globo (os cinco meses em que estive bem perto serviram para sentir que existe ali um grande potencial) com a folk mais alternativa que germinou durante os primeiros anos em que se atirou à guitarra.
no fundo no fundo misturou muito bem todo o caldeirão de influências e desatou um álbum muito interessante, porventura um dos mais surpreendentes do último ano. um álbum genuíno que escorre emoção e que acaba em brilhante fantasia recreativa com caixinha de sons. a voz do homem, essa, é digna de fazer chorar as pedras da calçada. os sopros ajudam, e muito, naquele que é um belíssimo exemplo de como estruturar canções é fácil e eficaz.
e meter.lhe uns pózinhos de inovação dá encanto a estas coisas.
não é brilhante, mas dou.lhe os parabéns.
7.9/10
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