08 setembro 2007

liars, liars


os liars são aquela banda que começou por fazer um álbum onde, para além de um single fortíssimo e de duas ou três canções orelhudas pouco mais havia a registar. deduzia.se, em they threw us all in a trench and stuck a monument on top, que, para além de uma invulgar capacidade de dar nomes às coisas, os liars nunca iriam ser mais do que uma banda agarrada a um movimento de circunstância, um pouco mais garage que os restantes, mas com as mesmas bases de construção. o segundo álbum - they were wrong, so we drowned - o primeiro com uma sustentação conceptual definida, é uma grande seca, há que dizê.lo. a partir daí clarifiquei que os liars eram pouco mais do que uma banda desinteressante que se levava demasiado a sério sem ter o conhecimento para isso.
no entanto em 2006 fui atraído pela capa de drum's not dead, o terceiro long play da banda. comprei.o.

e foi, sem dúvida, a melhor aposta do ano que passou. com drum's not dead os liars escreveram uma página importante na definição de uma nova ordem do rock, sobretudo do norte-americano.

liars, o novo álbum, está uns pequenos furos abaixo do seu antecessor. hoje em dia os liars não são tão surpreendentes como o eram há um ano atrás, apesar de se terem aventurado por um caminho que, de alguma forma, regressa às origens que fizeram de ny a capital do rock. não é de estranhar que ao ouvirmos os liars em 2007 nos lembremos de como deveriam ser as ruas de manhattan ao som dos velvet underground.

existe, em liars, uma capacidade quase única de manifestar uma posição vanguardista no rock actual. os liars trilharam um caminho que encontra agora novos desenvolvimentos. é ainda cedo para dizer o que quer que seja em relação às consequências, uma vez que, na minha opinião, este é apenas o segundo capítulo de uma estória que promete muito. a experimentalidade de liars não pode ser discutida sem a percepção de que os rapazes gostam de boa música e que não a esquecem nas linhas do novo álbum.

liars constrói.se de momento em momento, de quebras inesperadas e de inversões de sentido difíceis de aceitar a uma primeira audição. e faz.se também de músicas desenhadas a régua e esquadro, que intercalam os momentos mais agudos de uma composição que só perde por alguma incapacidade de explosão em momentos-chave.

apesar de tudo, um dos melhores até agora.


8.5/10

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