há certos momentos em control em que, se nos distrairmos, estamos perante ian curtis e os joy division.
o trabalho de aproximação feito por anton corbjin é de facto extraordinário, e até um certo ponto os locais e as pessoas são tal e qual as imaginávamos. é claro que existem coisas execráveis no filme. as interpretações personalizadas da música dos joy division não são grande coisa, algumas personagens são uma caricatura de alguma coisa na forma como se mexem e como falam, e sente.se a falta de profundidade que deve ter estado associada à personagem principal. e depois há sempre a questão de saber até que ponto é que a mitificação que se quer fazer de ian curtis não é um pouco artificial. o homem foi, na minha opinião, o mentor da melhor banda da história, mas isso não faz dele mais do que alguém num determinado momento e com uma determinada aura.
não compliquemos o que é simples.
no entanto, apesar de por vezes control tomar um rumo demasiado lento (afinal os joy division fizeram tudo o que lhe conhecemos em dois ou três anos), o balanço final é extremamente positivo. a imagética e todas as conotações que lhe estão agarradas são muito convincentes. a imagem, como tema explorado incessamente por um fotógrafo que faz um filme, é do melhor que já se viu este ano. as referências implícitas são muito bem misturadas com alguma narrativa mais descritiva e o final do filme, a parte em que ian curtis se suicida, está sinceramente bem feita.
o grande final, ao som de uma das melhores dos joy division - 'don't walk away, in silence...' - tem de facto o efeito oposto ao que prega. quando control acaba é tempo de nos afastarmos do bombardeamento catártico a que fomos sujeitos durante duas horas, mas sem palavras, sem teorias, sem conspirações.
control é um bom filme. mas não é um filme fantástico
fantástico foram os joy division.
fantástico era ian curtis.
19 novembro 2007
control
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