06 fevereiro 2008

uma questão de nervos

todos os dias leio as novidades da pitchforkmedia. é o melhor site sobre música e consegue apresentar na hora uma série de notícias e de críticas a álbuns. no entanto, o recente fascínio que bandazecas sexy e artistas de pseudo hip hop têem despertado no mundo da música já lá chegou, o que faz com que metade dos álbuns revistos anualmente não tenham interesse nenhum. esta estratégia só se percebe pela necessidade de aumentar o tamanho do público, já que todos sabemos que a competição se alastrou na internet e os sites se vêem cada vez mais com dificuldade de sobrevivência.
para além desta rendição, a pitchfork tem um ódio de morte aos the mars volta. é uma coisa que não se consegue explicar, mas disco após disco os rapazes de austin levam com notas miseráveis nos álbuns. frances, the mute, um dos melhores dos últimos 8 anos, por exemplo, levou com 2.0/10. hoje saiu a crítica a the bedlam in goliath, e, mais uma vez, não surpreendeu: 4.3/10. as críticas a estes álbuns vêem sempre envoltas em questões conceptuais muito profundas, com discursos muitas vezes incompreensíveis e referências estéticas que não são colocadas a quase ninguém.
o que eu quero com isto dizer é que a pitchfork está a dar notas elevadíssimas a gangsters que aparecem na (m)tv rodeados de lamborghinis a falar do que fizeram na festa do dia anterior, e depois, quando se trata dos mars volta, falam de incoerências de discurso e de como não se percebe a realização de um álbum em torno de um conceito mais ou menos claro de um ouija board israelita.
eu não sou advogado dos the mars volta. mas que eles sabem mais do que os tipos das capas ensebadas em maquilhagem para fazer ver o trabalho de uma vida passada no ginásio, disso não tenho muitas dúvidas.
no entanto, continuem a classificá.los abaixo de cão.
é um hábito que não devem perder.

3 comentários:

joão moço dos recados disse...

"a pitchfork está a dar notas elevadíssimas a gangsters que aparecem na (m)tv rodeados de lamborghinis a falar do que fizeram na festa do dia anterior" - o que é que isto tem a ver com música. E a Pitchfork é uma vendida, coitada, fala de artistas mainstream, vendidos ao sistema...por favor, estamos em 1990? Claro que os músicos "bué alternativos" é que são autênticos e verdadeiros, é que fazem a verdadeira arte sem pensar nas vendas...what a crap. E sinceramente não me parece que seja assim tão recente ver a Pitchfork falar de artistas fora do mínimo cubículo indie, alternativo.

joséreisnunes disse...

joão: a citação é uma arma poderosa. mas nem sempre honesta. depende de quem a faz. a questão não está, nem nunca esteve, no facto de a pitchfork fazer crítica a asrtistas mainstream. a questão não está, nem nunca esteve, no sistema nem em quem se vende a ele ou deixa de vender. a questão está - e volte a ler o post se não percebeu - nos parâmetros da crítica. e estará sempre na quantificação da qualidade de uns e de outros.

joséreisnunes disse...

...apenas para rematar: o discurso que tenta impingir como sendo o objectivo do post - o da autenticidade de alguns artistas e o da superioridade dos que vendem pouco - já o deixei para trás há muitos anos. aliás, no momento em que comprei o meu primeiro álbum. eu, pessoalmente, gosto de bandas que vendem pouco. mas não por essa razão. apenas porque aquilo que me interessa não é do agrado da maioria. isto para lhe dizer que não tenho qualquer tipo de visão moralista destas coisas (dê uma vista de olhos pelos arquivos do a new order e encontrará opiniões que serão desoncertantes em relação às suas observações). sabe...porque isto com os álbuns, no final do dia, a única coisa que interessa é mesmo se soa bem ou se soa mal.