até ao momento em que o vocalista dos the national resolveu saltar para a plateia tenho a dizer.vos que o concerto estava a ser bastante morno.
é claro que as canções são óptimas, disso não há dúvidas. os the national são músicos fantásticos e muito empenhados. simplesmente acho que o concerto estava a ser quebrado com as interrupções entre as músicas. acho que os rapazes deviam fazer como os interpol e tocar o que tinham a tocar tudo de seguida sem conversas nem perdas de tempo. o que é facto é que a partir daquele momento tive que me levantar porque já não conseguia ver nada e o concerto ganhou realmente outra dinâmica. logo a seguir chegou o momento de antologia, com a interpretação perfeita de fake empire, a faixa que abre boxer.
de resto, não tenho muito mais para vos contar, a não ser que quando aquilo acabou saí da aula magna a pensar sinceramente que tinha estado ou numa performance das adufeiras de monsanto ou numa convenção de power dance. a primeira imagem surgiu.me com as palminhas do público, irritantes e desconexas. os portugueses não são, regra geral, muito dotados musicalmente, o que faz com que cada ritmo marcado pela bateria dê para bater palmas. o que geralmente acontece é que se trocam todos e alguém da banda tem de os ajudar a encontrar o ritmo certo. já o vi repetidas vezes.
a segunda imagem surgiu.me quando vi um casal na fila da frente aos saltinhos e a dançar como se estivessem no ginásio, naquelas máquinas de step. não percebi aquela excitação toda mas sempre é mais divertido do que aqueles que se agarram aos cabelos como se estivessem em grande sofrimento com as músicas mais introspectivas das bandas. aqueles dois fizeram.me lembrar o célebre caso das dançarinas num dos concertos dos sigur rós a que assisti, que, do alto das laterais, simulavam um bailado no mínimo esotérico.
estórias aparte, os the national são fantásticos. o concerto foi de facto muito bom, quase exclusivamente centrado no último long play - boxer - mas com algumas recordações do passado muito bem escolhidas e com algumas derivações instrumentais que oscilaram entre o muito bom - o final - e o dispensável.
duas notas finais: uma para a pose do berninger, que não percebi se estava bêbedo ou se é mesmo assim esquisito (e acreditem que já vi muitos vocalistas esquisitos e ainda mais bêbedos), e outra para as palavras que a banda destinou ao maior génio português das últimas décadas, ao dedicarem a actuação ao maestro rui costa.
é claro que os the national não falaram do rui costa, mas eu tinha de arranjar maneira de introduzir o tema.
12 maio 2008
the national, aula magna
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6 comentários:
Boa crónica! Concordo contigo com essa observação relativamente à irritante tendência do público português para encher as actuações de palmas e palminhas. (Ainda se fizessem como os espanhóis e batessem palmas a contraponto seria mais interessante.) No geral acho que é um problema mais profundo: trata-se de um verdadeiro horror ao silêncio. Dois exemplos: no concerto de Sigur Rós a que te referes, houve uma música (julgo que do primeiro álbum, não me recordo do nome), em que há um silêncio no meio - ora, em Lisboa foi impossível manter esse silêncio (importante na canção) porque se registou o habitual gritinho e subsequente coro de risadas nervosas. O segundo exemplo é a moda, igualmente irritante, de os minutos de silêncio serem substituídos por minutos de aplauso. Já reparaste que já não há minutos de silêncio? O pavor ao silêncio faz com que nos refugiemos no ruído.
Também me ri bastante com a expressão "simulavam um bailado no mínimo esotérico".
Abraço!
concordo perfeitamente contigo. lembro.me dessa estória dos sigur rós e isso repete.se em vários concertos - não foi um caso isolado. com os minutos de silêncio é outra conversa estranha. há de facto muitos minutos de silêncio que são quebrados porque as pessoas não suportam o silêncio. mas, e isso vê.se no futebol por exemplo, há minutos de silêncio que são contrariados para encobrir manifestações de desagrado (p.e. o do bento no estádio do dragão...). é uma questão que já nem com o tempo lá vai...
Hum, deu pelo menos para perceber que estavas sentado num lugar muito mais à frente que o meu :)
Mas achei o concerto fabuloso. Quem bem que canta o rapaz (às vezes as vozes graves dão para o torto em palco) e que fúria a entremear a melancolia. Gostei!
Também gostei muito do concerto, mais até do que a média, aparentemente...
Preferia que tivessem tirado umas do Boxer e colocado mais umas quantas do Alligator e uma "Murder Me Rachel" ou "Lucky You" do Sad Songs For Dirty Lovers... mas pronto, não se pode ter tudo, não é?
E, João, no concerto de Sigur Rós, em Lisboa (partindo do princípio de que falas do penúltimo, no Coliseu), foi um telemóvel e não um gritinho. Igualmente irritante, de resto. Não me lembro se tocaram a música ("Viðrar vel til Loftárása", se não estou enganado) no Atlântico (o último, portanto)... mas no Coliseu foi isso.
acho que o joão falava do primeiro concerto dos sigur rós no coliseu (a segunda passagem da banda por portugal, depois do ccb). por acaso estive nos 2 e lembro.me vagamente dos dois casos.
ah, assim está bem. my bad.
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