08 outubro 2008

material inútil

há uma razão forte para os the strokes terem tido o sucesso que tiveram no ano em que o tiveram. e há uma razão para que, do outro lado do mundo, os the libertines tivessem tido o mesmo efeito, praticamente ao mesmo tempo. há também uma razão para que, no ano passado, os vampire weekend tivessem alcançado a exposição mediática que alcançaram. e há tantos e tantos outros casos antes deles, sempre com razões fortes: a qualidade no tempo e no espaço.
isto tudo acerca de uma recente onda de excitação, da qual me abstenho desde já em partilhar, levantada em torno do álbum de estreia d'os pontos negros. apesar de nutrir uma simpatia pela banda - como aliás por todos os músicos descomprometidos como eles - e de achar que sim senhora, estão ali umas belas canções para cantarolar com uma produção interessante - apesar dos tiques desnecessários do vocalista, que com a experiência acabará por perder - ouvir o álbum d'os pontos negros nesta altura é um pouco como ouvir o novo álbum dos oasis, dig out your soul, que soa exactamente a como soava um álbum dos oasis em 1994.
para me fazer entender: num caso, como no outro, não é a qualidade da banda que está aqui em causa. adoro os oasis, dig out your soul é o melhor álbum de rock n' roll do ano, os pontos negros são bons rapazes e o conto de fadas de sintra a lisboa é a melhor música portuguesa de 2008.
é uma questão de pertinência temporal das músicas que ouvimos.
nesse aspecto acho que ambos são tiros ao lado.

5 comentários:

RR disse...

Hum...e se tivesse a bondade de explicar melhor?

joséreisnunes disse...

vou tentar:
os álbuns são bons mas já os ouvi noutras alturas e noutros músicos. sendo música tão datável - dada a sua natureza - do ponto de vista temporal não são estimulantes porque a linha da frente do rock já evoluiu noutro caminho.o álbum d'os pontos negros seria um grande álbum em 2003 (antes de room on fire, dos the strokes). o dos oasis talvez em 1995, a seguir ao álbum de estreia.

Joao disse...

Continuo sem perceber: estás a dizer que a melhor música é "intemporal"? Se sim, quais são os critérios extra-temporais que utilizas para criticar?
Ou então a melhor música deve estar em sintonia com o 'espírito do tempo' (o que chamas a "linha da frente do rock")? Nesse caso, qualquer imitação barata dos Franz Ferdinand ou dos The Strokes é melhor do que Bob Dylan...
E achas que as bandas devem "progredir" de uma determinada forma - se sim, como julgar diferentes evoluções de uma banda; por exemplo, a via de complexificação dos Radiohead é melhor do que a via de simplificação de uns Genesis?
Um abraço!
j.

p.s.: já te ando a dizer há muito tempo para dares uma vista de olhos aos Midlake (álbum "The Trials of Van Occupanther"). Acho que vais gostar. :)

Joao disse...

ok, ja percebi!
abraco,
j.

p.s.: Midlake!

joséreisnunes disse...

ok.vou procurar.