animals in the dark, william elliott whitmore [2009]
corria o ano de 2003 quando william elliott whitmore fez nascer das águas do mississippi que lhe banharam a adolescência o primeiro capítulo de uma trilogia que refloresceu o espírito americana que johnny cash ou captain beefheart engrandeceram. filho da folk e do gospel, com a voz de um afro-americano (expressão politicamente correcta assumida por inexistência de alternativa que me agrade) presa no corpo de um tipo mais branco do que eu, william deu o seu contributo para a gloriosa história da música norte americana com três álbuns negros, densos, mas sobretudo reais. é dos poucos songwriters que eu considero terem realmente chegado ao âmago daquela variante. bob dylan fê.lo primeiro que todos. e se tom waits alcançou o olimpo, william elliott whitmore captou para o seu epitáfio palavras de grande estima
aqui jaz william elliott whitmore, pastor do songwriting do novo milénio
qualquer coisa deste tipo, digo eu.
mas a seguir à tempestade vem sempre a bonança, já diziam os antigos, e eu acredito. neste caso concreto, a seguir a uma trilogia admiravelmente deprimente, eis que chega o disco prozac de william elliott whitmore.
there's hope for you reza o single, porque animals in the dark é, de facto, uma nova perspectiva sobre a obra do músico: menos emoção e mais lugares comuns. menos estórias e mais paisagem. menos caixões e mais esperança.
e embora melhor que a maioria da merda que para aí se faz (o joão lopes se vê esta palavra vai aos arames), esperava mais thoreau e beckett, e não algumas versões de músicas que o elvis perkins um dia poderá fazer ou que o levon helm já imaginou há 20 anos. animals in the dark começa mal, depois cresce exponencialmente até para aí à lifetime underground.
e depois morre como morriam as personagens dos álbuns anteriores.
eu tenho a plena a consciência de que este álbum é muito bom. mas ainda não me habituei a esta fase (habituem.se! dizia o antónio vitorino).
no fundo, no fundo, não gosto mas gosto.
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