antes que possamos sequer pensar em respirar, vic chesnutt atira um repetido 'i am a coward'. abrem.se as hostilidades.
a luz continua desligada, como tem sido norma desde que vic começou a fazer música. trinam as guitarras. tudo na mesma. o mesmo aperto. ao perto, na ponta dos dedos, bob dylan. ao longe, à sombra da tensão, elliott smith, que partiu cedo de mais.
mas o novelo lo fi continua a ser desenrolado em 10 actos. não há imperfeições, tudo bate certo. e não se trata de cosmologia, trata.se de escolher as notas certas para as palavras erradas. e desde que elliott smith, que partiu cedo de mais, que não há mais ninguém a querer fazê.lo. at the cut, felizmente, serve para nos relembrar da estreiteza do songwriting: 'when my mom was cancer sick/she fought but then succumbed to it/but you made her beg for it'.
fala com a morte como quem fala com deus. e isso, por si só, serviria para fazer deste seu mais recente álbum exemplo perfeito de um artista sobrenatural.
aos 18 anos vic ficou paraplégico. vai a caminho dos 45 e continua a fazer álbuns.
cobardes somos nós.
2 comentários:
Que post extraordinário.
obrigado
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