
é com dor aguda no peito que dou a triste notícia de que este não é o melhor morrissey. o morrissey que nos habituámos a conhecer não deixaria um álbum ir.se abaixo depois de um tríptico fulgurante como dear god please help me - you have killed me - the youngest was the most loved (cujo coro infantil tem o dom da intemporalidade, o melhor do mundo são mesmo as crianças). nem tão pouco se apresentaria com um punhado de banalidades já repetidas até à exaustão misturadas com peças de excepcional requinte, em tudo relacionadas com a recente descoberta da itália, o que, pura e simplesmente, nos provoca dó.
depois de you are the quarry, o regresso saudado do ex-the smiths, esperava.se muito mais. esperava.se pelo menos que morrissey esperasse uns anos. é que ringleader of the tormentors deu um passo maior do que o que devia ter dado em tão pouco tempo. e o resultado é, no mínimo, esquizofrénico, porque se de um lado estão das melhores músicas que morrissey já compõs - life is a pigsty, to me you are a work of art -, do outro estão algumas cuja falta de sabor nada tem a ver com quem as assina.
o inexplicável mundo da sensibilidade para a criação, face maior de um possivelmente apelidado de génio, sai bastante danificado depois deste deslize.
e como a realidade é incontornável (e continuar a dizer mal deste tipo dar.me.ia certamente uma eternidade pouco descansada), termino não sem que antes volte a desejar o fim da obiquidade de quem é justamente considerado um dos pais da pop.
vou fechar os olhos a este álbum.
sei que o melhor ainda está para vir.
6.8/10
18 abril 2006
ringleader of the tormentors, morrissey
por
joséreisnunes
à(s)
11:42 p.m.
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