04 abril 2007

the magic position, patrick wolf


para quem nada conhecia de patrick wolf o início do seu mais recente longplay não é, de maneira alguma, auspicioso. as primeiras músicas de magic position não denotam mais do que alguma vulgaridade e uma incapacidade de atracção imediata. a voz não é nada do outro mundo e o violino de andrew bird é bem mais arguto do que o de wolf. a estética scissor sisters da capa parece algo gasta no contexto da pop contemporânea. as explosões de aperture são algo exaustivas e o recurso à batida electrónica não é mais do que um piscar de olhos à música sexy que se anda para aí a fazer em catadupa.
as coisas alegram um bocadinho com o início da juvenil segunda faixa, que dá título ao álbum e que explicitamente faz saber da felicidade, ou pelo menos de alguma resignação do artista. a popzinha de cabaret à rufus wainwright meeting rua sésamo ganha algum grau de entusiasmo e começa, de facto, a contagiar. as palminhas a marcar o ritmo ajudam. e depois começam.se a ouvir, pela primeira vez, o bom humor e a ironia do estilo deste tipo.
mas é preciso esperar uns bons minutos até as coisas começarem a aquecer, e até percebermos que, ainda que algo inconsistente, o rapaz até tem jeito. the bluebell, a quarta faixa, marca o ponto de viragem de um álbum que tenta encadear todos os momentos que o constituem, mas é nas peças soltas que se revela eficaz. a sequência emocional que culmina com o magnífico augustine, passando pela fortíssima (como o porto) magpie, onde mariane faithfull puxa dos galões de uma carreira recheada, faz lembrar, a uma escala própria, o trabalho de antony. a catarse deste álbum é materializada pela choradeira deste conjunto de cinco canções, sendo que tudo o que se lhe segue funciona como um final alongado que recupera algum do optimismo inicial, sem nunca deixar de piscar o olho à nostalgia que, quer o patrick queira, quer não, lhe está no sangue.
é de facto surpreendente o rumo que the magic position toma depois de um início soçobrante. até parece um álbum de uma pesada carreira.
e não fossem aquelas primeiras três faixas (que gostava de eliminar deste conjunto) e estaríamos perante o melhor álbum feito este ano.
7.5/10

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