01 abril 2007

a weekend in the city, bloc party




é por causa daquela voz que parece ter saído de qualquer coisa transcendental.
é por causa daquela urgência toda repetida vezes e vezes sem conta, num recurso estilístico que já temos como um dado certo num grupo que ainda só vai no segundo ensaio. e também por que a weekend in the city poderia muito bem ser um manual de quem faz pós-rock sem o medo de parar no momento exacto, de fazer sempre o mesmo tipo de acelerações e retardamentos sem que isso signifique uma perda da capacidade de surpreender o ouvinte. porque parece que estão sempre a fazer a mesma coisa, mas estão sempre a fazê.lo como se fosse a última coisa que farão, e porque aquela voz parece mesmo saída de qualquer coisa que nos transcende.
e também, sim, porque os bloc party fizeram a música da vodafone e foram prostituídos em todos os festivais de verão, sem que daí me tivesse vindo qualquer dor de cabeça ou outro tipo de mal.
porque de cada vez que a weekend in the city começa só me apetece é abanar o pezinho porque tenho a certeza que a minha cama não aguentaria uma sessão de trampolim improvisado.
porque os bloc party têm boas guitarras e sabem utilizá.las. e porque detrás das guitarras, por detrás de tudo o que poderia ser muito bem considerado como pós-rock se não fosse o facto de nunca atingirem o ponto de saturação, está aquela voz que parece a de um miúdo numa loja de brinquedos, que sobe sempre no momento exacto e se desvanece quando, esperando, não o esperamos.
porque já é a terceira vez que escrevo esta crítica e já me esqueci de metade da adjectivação que utilizei nas outras duas.
e porque sim, porque são uma espécie de pecado consciente.


8/10

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