28 maio 2007

boxer, the national



quando peguei no actual do passado sábado (o primeiro suplemento daquela tonelada de papel que é o expresso que me passa pelas mãos) não consegui conter o riso. havia uma reportagem que se referia ao álbum dos the national como uma das melhores obras pop de sempre da história.
eu, que já me habituei ao exagero normalizado na imprensa portuguesa (recordo mais uma vez o célebre caso franz ferdinand), e olhando para o nome da banda, lembrei.me de outro célebre caso - she wants revenge - para formular o meu juízo de valor. até me podia ter lembrado dos the bravery ou dos klaxons, ou daqueles do i predict a riot, ou até mesmo dos arctic monkeys. e é claro que não tinha sequer ouvido uma linha de baixo de boxer. mas isso não me impediu de pensar que estava perante uma grande banhada.
instigado pela curiosidade arranjei o álbum e deixei.o na lista para ouvir num futuro próximo. assim que acabei o new moon de elliott smith (excelente apontamento por sinal) atirei.me ao avanço destes tipos.
ao fim de duas músicas percebi o mais que óbvio. na música ou se tem alma ou não se tem. até se pode tocar tudo muito bem, ir para os palcos com bandeiras de portugal e ser idolatrado por milhares que esperam anos para ver um tipo tocar uma guitarra durante três horas em modo automático.
mas se não existe veracidade na voz, se não existe alma, esqueçam, não estou para aí virado.
e de facto boxer é um álbum cheio de alma. não tem nada a ver com essas bandazecas que sonham acordadas com os joy division e as decalcam até ao tutano. nem tem nada a ver com outras que incorrem numa popzinha sem sal, com vozes afinadinhas mas que podiam estar a vender seguros automóvel como estão a promover uma linguagem que copiam descaradamente de coisas que os anos 80 já nos souberam mostrar. prefiro mil vezes ouvir o final countdown numa discoteca da margem sul do que levar com álbuns amorfos de duvidosa capacidade de empenhamento.
e esta conversa toda porquê? porque os the national fizeram um álbum muito bom. muito honesto, inteligente, sem recurso banal a clichés da pop. a voz faz saltar tinta das paredes: monótona mas convincente. e os rapazes estavam inspirados.
boxer não é o álbum que o actual apregoava. são canções interligadas por um elo comum de superior qualidade estética, mas não é um álbum de referência para a música pop dos próximos vinte anos. para isso ainda há um longo caminho que têem de percorrer.
de qualquer maneira, façam o favor de o descobrir.

7.9/10
ps. mais uma vez não me foi possível disponibilizar a capa do álbum. fica uma fotografia dos tipos.

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