29 maio 2007

new moon, elliott smith




qualquer pessoa que tende a escrever sobre música com o mínimo de capacidade de abstracção e que não se deixa enveredar pela glorificação massiva dirá que já não se fazem génios. se lerem o contrário desconfiem. porque a verdade é que já está tudo mais ou menos feito, pelo menos até ver. de qualquer maneira há uns que são mais génios do que os outros.
não, o kanye west não é um génio. e não, o justin timberlake também não é um génio. o timbaland também não, não insistam.
elliott smith morreu novo, ainda não se sabe muito bem como. fez uma série de álbuns de estrondosa qualidade. não teve pontos baixos na carreira, se não considerarmos o consumo de drogas e de álcool (o que até ajuda à manutenção de um estatuto de superstar). de facto either/or é um dos melhores álbuns de autor de sempre. leram bem. de sempre. se quiserem, e podem dizer que fui eu que o disse, metam.no no mesmo escaparate de nebraska, de closing time, de highway 61.
não tenham medo. as coisas são o que são e elliott smith é o melhor songwriter da sua época. recuperando o tema de ontem, elliott smith tinha alma. e isso faz toda a diferença no mundo da música.
new moon é o álbum póstumo que recupera uma série músicas não editadas e de versões alternativas a outras que fizeram sucesso nos seis álbuns do músico. a fórmula é muito própria e com este álbum duplo percebemos o potencial sobre o qual estivemos perante. não há ali a procura infrutífera de fórmulas milagrosas nem caprichos estéticos. não há cedências: elliott smith era assim, queria tocar daquela maneira e não se preocupava muito com o resto. como é óbvio não o conheci, mas gosto de acreditar que a música que deixou é o espelho do homem que foi.
e como tal, irrepetível.
new moon não é um álbum pensado num dado momento com a visão de determinado zeitgeist. é um conjunto de canções isoladas. mas quem conhece a fundo a obra de elliott percebe que é hoje como poderia ter sido quando ainda era vivo.
new moon, não sendo transcendente, é exemplar daquilo que é o maior legado da música norte americana entre 94 e 21 de outubro de 03.
aquele fatídico 21 de outubro de 03.

8.5/10

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